
Quinze anos depois, ao abrir a maior exposição da carreira —uma retrospectiva que começou pelo Museu de Arte Moderna do Rio, passa por São Paulo, em junho, e segue para Recife—, Vik também quer medir a reação do público brasileiro. "Tenho muito respeito pelo espectador. O artista faz 50%, quem vê a obra faz os outros 50%." Ele trabalha com materiais insólitos. Suas obras são esculpidas ou desenhadas em açúcar, chocolate, lixo e até poeira. Depois, são fotografadas. O que fica são as fotos, como a de Jacqueline Kennedy desenhada com ketchup. Ou a fotografia da "Última Ceia" em que cada cena foi construída com chocolate derramado sob uma base onde o artista fez o desenho.
Ele também trouxe para o Brasil as séries "Crianças de Açúcar" —com fotos de trabalhadores mirins das plantações de cana do Caribe que foram salpicadas de açúcar— e "Aftermath" —com montagens de fotos de crianças de rua contornadas com lixo de Carnaval como confetes e purpurina. "Não queria mostrar menino de rua como algo feio", diz ele.
Materias insólitos: chocolate na imagem sacra e pimenta para retratar Elisabeth Taylor. Vik usa materiais insólitos e se inspira em Andy Warhol.
Embora tenha passado pela Escola Panamericana de Arte, em São Paulo, Vik se considera um autodidata. Sua busca por novos materiais é incessante. "Essa terra eu tirei do estacionamento do meu prédio", aponta para uma das obras. A poeira de outra série de fotos foi o que sobrou da montagem de uma exposição em Nova York. Ele já usou e abusou de pimenta, algodão e geléia. Além do Metropolitan, suas fotos fazem parte do acervo do Whitney Museum, que até pouco tempo só aceitava norte-americanos, e do Reina Sofia, importante museu da Espanha. "É esquisito estar no Metropolitan. Eu, que ia tanto lá copiar as obras e treinar desenho".
Segundo a Estudante de Jornalismo, Tatiana Carvalho, de 36 anos, as obras são diferentes de tudo o que ela ja viu. Ela se refere ao trabalho do artista como "um trabalho feito de alma e coração".
A trajetória de Vik também provoca espanto. Logo que chegou a Nova York, com visto de turista, não imaginava viver de arte. Tinha deixado a faculdade para estudar inglês em Chicago, onde morava uma tia. "O que me levou a ficar nos Estados Unidos foi a energia de Nova York. É uma São Paulo mais bonita", compara. Naquela época, ainda não sabia o que queria da vida. "Sempre gostei de ciências, psicologia, teatro, pintura, história da arte, mídia e fui levando esses interesses até que veio a idéia de reunir tudo num formato só: a escultura". Nos primeiros anos em Nova York, fez um pouco de tudo: foi atendente de posto de gasolina, pintor de parede, guarda-noturno e até garçom, como seu pai, que segue firme no ofício até hoje em São Paulo. A mãe é telefonista aposentada.
O artista plástico começou a nascer quando Vik se matriculou no curso de Direção de Arte na Universidade de Nova York. Ao mesmo tempo, desenhava bichinhos para uma fábrica de roupas de criança e restaurava molduras e pinturas. Alugava um estúdio no Bronx. Foi no bairro negro nova-iorquino que começou a esculpir. Até que um dia suas esculturas chamaram a atenção de dois renomados críticos de arte, amigos de um amigo. Apareceram os primeiros convites para exposições e foi ganhando fama.
As fotos-esculturas de Vik Muniz estão cotadas entre US$ 5 mil e US$ 35 mil.Ele trabalha e mora em um enorme estúdio em um antigo prédio industrial no bairro do Brooklyn. Divide o espaço com a namorada, a também artista plástica brasileira Janaína Tschape. A divisão é literal. Cada um tem seu apartamento, com cozinha e banheiros separados. "Temos duas casas no mesmo prédio, já que somos dois artistas morando juntos e ambos precisam ter o seu mundo." O filho de 12 anos, Gaspar, vive no Rio com a mãe, a maquiadora Maria Lúcia Mattos. O garoto nasceu em Nova York, mas a mãe preferiu criá-lo no Brasil. Para aumentar a conexão com o país, Vik pensa em abrir um bar em São Paulo em sociedade com o pai. "Um boteco onde se possa tomar cerveja olhando para as obras de arte de grandes artistas brasileiros e estrangeiros".Vik Muniz será uma das atrações nas paredes e atrás do balcão.
Retrospectiva com 131 obras do artista plástico
Vik MunizRealização e coordenação: Museu Inimá de Paula e Aprazível Edições e Arte
A trajetória de Vik também provoca espanto. Logo que chegou a Nova York, com visto de turista, não imaginava viver de arte. Tinha deixado a faculdade para estudar inglês em Chicago, onde morava uma tia. "O que me levou a ficar nos Estados Unidos foi a energia de Nova York. É uma São Paulo mais bonita", compara. Naquela época, ainda não sabia o que queria da vida. "Sempre gostei de ciências, psicologia, teatro, pintura, história da arte, mídia e fui levando esses interesses até que veio a idéia de reunir tudo num formato só: a escultura". Nos primeiros anos em Nova York, fez um pouco de tudo: foi atendente de posto de gasolina, pintor de parede, guarda-noturno e até garçom, como seu pai, que segue firme no ofício até hoje em São Paulo. A mãe é telefonista aposentada.
O artista plástico começou a nascer quando Vik se matriculou no curso de Direção de Arte na Universidade de Nova York. Ao mesmo tempo, desenhava bichinhos para uma fábrica de roupas de criança e restaurava molduras e pinturas. Alugava um estúdio no Bronx. Foi no bairro negro nova-iorquino que começou a esculpir. Até que um dia suas esculturas chamaram a atenção de dois renomados críticos de arte, amigos de um amigo. Apareceram os primeiros convites para exposições e foi ganhando fama.
As fotos-esculturas de Vik Muniz estão cotadas entre US$ 5 mil e US$ 35 mil.Ele trabalha e mora em um enorme estúdio em um antigo prédio industrial no bairro do Brooklyn. Divide o espaço com a namorada, a também artista plástica brasileira Janaína Tschape. A divisão é literal. Cada um tem seu apartamento, com cozinha e banheiros separados. "Temos duas casas no mesmo prédio, já que somos dois artistas morando juntos e ambos precisam ter o seu mundo." O filho de 12 anos, Gaspar, vive no Rio com a mãe, a maquiadora Maria Lúcia Mattos. O garoto nasceu em Nova York, mas a mãe preferiu criá-lo no Brasil. Para aumentar a conexão com o país, Vik pensa em abrir um bar em São Paulo em sociedade com o pai. "Um boteco onde se possa tomar cerveja olhando para as obras de arte de grandes artistas brasileiros e estrangeiros".Vik Muniz será uma das atrações nas paredes e atrás do balcão.
Retrospectiva com 131 obras do artista plástico
Vik MunizRealização e coordenação: Museu Inimá de Paula e Aprazível Edições e Arte
Veja um pouco do trabalho do artista: